segunda-feira, 24 de agosto de 2009

JornalistasXJornalistas_08


Muitas arestas

Esses casos são amostras de que as relações das assessorias com a imprensa têm muitas arestas, difíceis de eliminar. Os assessores se queixam da falta de informação e de interesse por parte de jornalistas, principalmente recém-formados, destacados para cobrir determinados assuntos. Bia Bansen, da Bansen & Associados Assessoria de Imprensa, diz que, em entrevistas coletivas, "os jornalistas especializados são os primeiros a chegar, abrem os press-kits e procuram conhecer as informações básicas". Os mais novos "chegam atrasados, não lêem o material e acabam fazendo perguntas desnecessárias". O problema não é novo. Luciano lembra que, nos seus tempos de redação, muitos repórteres da equipe não liam o Estadão do dia e muito menos os jornais concorrentes.

A arrogância de muitos jornalistas é outro problema apontado pelos assessores. Mylene Margarida, coordenadora do Núcleo de Assessoria de Imprensa de Santa Catarina, se queixa da discriminação dos jornalistas de redação contra o assessor de imprensa, o que dificulta o relacionamento. E isso, segundo ela, muitas vezes é conseqüência do despreparo e da falta de humildade por parte de muitos jornalistas. O professor João de Deus, coordenador do curso de pós-graduação em Assessoria de Imprensa na Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, diz que muitos assessores reclamam que "os jornalistas das redações, na maioria dos casos, valorizam o que não tem tanto valor" e sugere que os assessores questionem os colegas. Ricardo Moreira, gerente artístico da gravadora PolyGram e com mais de dez anos de experiência na assessoria de imprensa dessa companhia, admite: "O jornalista, em geral, sempre foi meio avesso aos divulgadores, aos assessores. Mas, com o decorrer do tempo, passaram a confiar nos departamentos de imprensa."

Antônio Galante, sócio da Galante Comunicação, do Rio de Janeiro, lembra que no início, "as redações consideravam os assessores como profissionais de segunda linha". Entretanto, diz, as coisas mudaram e as relações se tornaram um pouco mais profissionais, "embora ainda haja uma certa desconfiança".

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