terça-feira, 20 de outubro de 2009

É Notícia_Diploma

JORNALISMO -
Relator é a favor do diploma

BRASÍLIA (Folhapress) - Com parecer favorável, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara deve votar amanhã proposta de emenda constitucional que tenta reativar a exigência de diploma de jornalismo para o exercício da profissão. Relator do assunto, o deputado Maurício Rands (PT) deu parecer favorável ao retorno da obrigatoriedade, derrubada pela maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal em junho.

Na ocasião, oito dos nove ministros entenderam que restringir o exercício do jornalismo a quem tem diploma afronta o princípio constitucional da liberdade de expressão. Após a decisão, três deputados apresentaram os projetos para tentar retomar a obrigatoriedade. Outro projeto similar está em análise na CCJ do Senado. Em seu parecer, Rands diz que não vislumbra na exigência de diploma “ofensa a princípios constitucionais”.

Se aprovado na CCJ, o texto será analisado por comissão especial, passo anterior à votação em plenário, onde precisa do voto de ao menos 60% dos deputados, em dois turnos, para ser aprovado. Depois, segue para o Senado.

Entidades como Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) e Associação Nacional de Jornais (ANJ) são contra a exigência. “Volta da exigência do diploma é retrocesso, fadada a ser considerada inconstitucional pelo STF”, disse o diretor-executivo da ANJ, Ricardo Pedreira.

Já entidades representativas dos jornalistas defendem a obrigatoriedade. “A lei deve resguardar que o jornalismo seja feito por jornalistas. Qualquer órgão de imprensa traz análises feitas por não jornalistas. Isso não é objeto de questionamento”, disse Sérgio Murillo de Andrade, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas

Fonte: Folha de Pernambuco

domingo, 18 de outubro de 2009

Planejamento_Equipe

Análise_Terapia

Terapia em foco

Quando percebemos que não conseguimos mais lidar com nossas dificuldades e que precisamos de ajuda, a saída pode estar na terapia, um caminho surpreendente de autodescoberta

O começo: Freud_E bom para quem_Existe melhor técnica?_A confiança essencial_Fala que eu te esculto_Proximidade_Corpo e mente_O casal , a família_Terapia breve
Uma gota a mais e o copo transborda. A metáfora sobre algo que não conseguimos conter desenha a imagem do que acontece nos momentos em que não damos conta de resolver sozinhos um problema que incomoda bem lá dentro da gente. Ao atingirmos essa situação-limite, a água escorre e nos vemos no impasse de matar, morrer ou de nos fingirmos de mortos. Matar é buscar soluções. Morrer é se deixar aniquilar por ela. Fingir de morto é olhar para o lado, agindo como se a coisa não fosse com você. Eis aí três possibilidades do que cada um de nós, como indivíduos (na mais pura acepção da palavra, aquilo que não se divide), podemos fazer com nossas vidas quando algo não vai bem em nosso íntimo. Tudo é questão de escolha, e essa opção determina como viveremos e quem seremos para nós e para os outros.

Dentro dessas possibilidades, vamos falar da parcela que encara sua verve Bruce Willys em Duro de Matar e parte para o combate. Calma, ninguém vai sair por aí batendo nas pessoas que nos causam problemas, nos decepcionam ou representam o que gostaríamos de ser e não somos. Ir à luta tem um sentido mais pessoal, de mergulhar em uma jornada que nos colocará em confronto com nosso maior desafiante: nós mesmos.
Na batalha, é importante contar com a expertise de um bom navegador que ajude a interpretar as coordenadas do trajeto até o entendimento de por que o copo transbordou. Esse companheiro de jornada estudou o funcionamento da mente humana e seus meandros, e, quem sabe, nos fará chegar ao registro da torneira para evitar um novo transbordo. Assim define-se o terapeuta, palavra que nomeia psicanalistas, psiquiatras, psicoterapeutas e outros profissionais que trabalham com técnicas de autoconhecimento (vale explicar que os termos terapia e terapeuta usados nesta reportagem referem-se a profissionais com formação acadêmica e cursos de especialização em estudos da mente). É com eles que contamos quando não conseguimos evitar que a gota letal cause sofrimento emocional. Ao pedir socorro e nos lançarmos ao desafio de fazer terapia, embarcamos numa viagem ao inconsciente aquele local dentro de nós que guarda o que somos, como nos tornamos o que somos, o que queremos ser e o que podemos ser.

O começo: Freud

Existe ainda muita gente que vê a psicoterapia como tratamento para malucos ou para pessoas sem capacidade de lidar com seus próprios problemas. O ranço é antigo, do tempo em que a subjetividade era malvista pela ciência. Remanescentes desse pensamento acreditam que um antidepressivo como Prozac na mão vale mais que boas palavras. Mas quem aposta na fala como instrumento de expressão sabe que entrar num consultório e se entregar a um momento esta é sua vida com um desconhecido é uma forte ferramenta para tirar o pedregulho do sapato. A verbalização para descrever fatos e estados emocionais ajuda a processá-los e a torná-los palatáveis, afirma o psiquiatra e psicanalista Plínio Montagna. Ao contar o que sente, a pessoa se ouve e amplia a consciência de si própria.

Fonte: Revista Simples

Graças ao médico austríaco Sigmund Freud, que formulou os princípios da psicanálise na década de 1890, hoje sabemos que é possível entender a mente humana e mudar aspectos de nossa conduta que incomodam tanto no relacionamento com os outros quanto conosco mesmos. A partir da descoberta do inconsciente, Freud revelou ao mundo que muitos transtornos mentais não são mero resultado de doenças. Conteúdos guardados em nosso interior, oriundos de sentimentos inconscientes reprimidos na infância por nossos pais, moldam a figura que somos hoje.

É bom para quem?

Tal entendimento garantiu conhecimento não só para o tratamento de doenças psíquicas resultantes de distúrbios do inconsciente, como também para que uma pessoa como eu ou você possa se conhecer melhor e entender por que o calo dói quando pisamos (ou somos pisados) de determinada maneira. O costume é alguém buscar ajuda porque se sente incapaz de resolver seus incômodos e, em raros casos, para se conhecer melhor. Mesmo na primeira situação, é quase inevitável não continuar a terapia, pois conforme se enxerga com mais clareza, mais o paciente quer se aperfeiçoar é como polir uma escultura para que ela fique cada vez mais bela.

No campo das doenças mentais, a psicanálise contribui para humanizar bastante o tratamento. Hoje, uma pessoa esquizofrênica toma medicamentos prescritos por um médico psiquiatra e tem apoio psicoterapêutico. Transtornos alimentares, bipolares, déficit de atenção e depressão, entre outros, precisam do critério médico para concluir o diagnóstico. Às vezes, o limite da avaliação de uma depressão para um transtorno bipolar é tão tênue que só a experiência médica pode detectar a doença, diz o psiquiatra Frederico Navas Demétrio, coordenador do Grupo de Estudos de Doenças Afetivas do Hospital das Clínicas de São Paulo.

O olhar afinado também sinaliza quando tudo pode ser resolvido só com psicoterapia. Muitas vezes, a conversa é mais eficaz que o Prozac. Antidepressivo lançado com estardalhaço em 1986, a tal pílula da felicidade aumenta a serotonina do cérebro, deixando as pessoas mais alegres. Fácil de administrar, até um ginecologista pode receitá-la para aliviar sintomas de distúrbios hormonais. O problema é o mau uso e a auto-enganação (o famoso efeito placebo). O efeito pode ser efêmero: quando tomo, sorrio, quando o efeito passa, entristeço, afirma a psicoterapeuta e professora do Instituto Sedes Sapientiae Maria Helena Mandacarú Guerra.

Existe melhor técnica?

Depois de Freud, um mundo de vastas possibilidades se abriu além da fronteira da doença e hoje existe terapia para todo tipo de paciente. Parece meio amplo? E é. Se considerarmos todos os tratamentos do campo do autoconhecimento, indo do xamanismo à psicanálise, existem mais de 500 modalidades. Mas a maioria não tem embasamento mais científico, no sentido do entendimento da mente humana, afirma o médico psiquiatra e presidente da Associação Brasileira de Psicoterapia, José Toufic Thomé. Levando em conta esse critério, a psicanálise e a psicoterapia praticadas por psicanalistas, psiquiatras ou psicólogos têm melhor embasamento para a análise humana.

Geralmente, a pessoa chega a um terapeuta por indicação de um amigo ou parente. Ela não está interessada na técnica, só precisa de alguém que a ajude a entender o que está acontecendo e para isso não há idade; a necessidade pode surgir em qualquer época da vida. Existem bons profissionais em todas as linhas. Não há uma escola terapêutica de amplitude absoluta. O importante é a empatia paciente-psicoterapeuta e que o profissional tenha boas referências, seja membro de uma associação ou sociedade de classe reconhecida, diz Maria Helena Guerra. Outro componente decisivo apontado por muitos entrevistados desta reportagem é que o bom psicoterapeuta nunca diz o que o paciente deve fazer. Ele auxilia a pessoa a navegar em suas emoções e a se compreender, diz a psicoterapeuta Adriana Dorgan.

A confiança essencial

Uma boa indicação, portanto, é o começo do caminho para se chegar a alguém que tenha tato e técnica para orientar a navegação por águas ora turbulentas, ora cristalinas do inconsciente esse mar que guarda a chave dos nossos mistérios, desde os aceitáveis até os inimagináveis. Fazer terapia é um ato de coragem, porque as descobertas podem ser viscerais, afirma o médico psiquiatra e psicanalista Durval Mazzei Nogueira Filho. Chegar a esse patamar de escarafunchar a ferida com bisturi depende de o paciente querer ir mais além da resolução do problema imediato.
Também é importante estar bem acompanhado. O paciente tem que sentir que o terapeuta está com ele, diz Adriana Dorgan. Quando isso não acontece, é como um carro patinando na lama. Durante anos fiz terapia com a mesma psicóloga, mas quando ela começou a dizer que minhas dúvidas com relação à minha sexualidade eram viagem da minha cabeça, parei a análise. Procurei outro terapeuta e conquistei autonomia para assumir minha homossexualidade, diz Felipe (o nome foi trocado a pedido do entrevistado).

Fala que eu te escuto

Nem todo mundo se dispõe a conversar com o psicanalista três ou quatro vezes na mesma semana, deitar no divã e falar o que lhe vier à mente assim, de chofre. Esse é o molde clássico da sessão de psicanálise elaborado por Freud, que resiste ao tempo e ao bolso de alguns clientes.

O ambiente costuma ser básico: a poltrona do analista e o divã. Nesse cenário quase asséptico, o paciente fala sobre aquilo que pensa, seus incômodos, suas angústias. Nos encontros com o profissional, a idéia é reestruturar e reinterpretar, à luz do que está acontecendo, as distorções do passado que estão presentes no dia-a-dia, diz a psicanalista Anna Verônica Mautner.

A ausência de contato visual no processo de livre associação, como é chamada a técnica de deitar e falar, é fundamental para o sucesso da jornada. Um não controla a reação do outro com o olhar, permitindo ao paciente abandonar a vigilância consciente e se entregar à expressão verbal, afirma a psicanalista Celina Giacomelli. Assim aflora o sintoma daquilo que faz mal. O passo seguinte é compreender o que mantém esse sintoma.

Às vezes, esse processo de deixar fluir o verbo ganha um componente extra, de certo modo emocionante, quando o terapeuta segue a linha criada por Jacques Lacan nos anos de 1930. O psicanalista francês concebeu o tempo lógico, colocando abaixo a regra freudiana de que a sessão teria 50 minutos. O analista literalmente corta o papo na hora em que achar pertinente. As pessoas falam muito, e a fala pode vir disfarçada. O psicanalista interrompe o paciente para que ele se ouça e entenda que precisa deixar de usar álibis, diz Durval Filho. Depois do corte abrupto, o analisado engole seco e vai embora com suas últimas palavras latejando na cabeça no estilo água mole em pedra dura tanto bate até que fura.

Fonte: Revista Vida Simples

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Análise_Cidade


Cidade, doce lar

Acredite: é possível ter uma vida mais genuína, equilibrada, gentil e prazerosa no lugar agitado e cheio de prédios onde você vive. Saiba como
Havia torres de alumínio, vastas muralhas, pontes levadiças e canais que dividiam os bairros. No entanto, alguém teve olhos para enxergar outras coisas: Cheguei aqui na minha juventude, uma manhã; muita gente caminhava rapidamente pelas ruas em direção ao mercado, as mulheres tinham lindos dentes e olhavam nos olhos.

São palavras de encantamento que destoam de um cenário meio inóspito (torres, muros, pontes) que até poderiam descrever metrópoles como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e tantas outras cidades grandes e médias do Brasil. Mas a cidade descrita no texto chama-se Dorotéia e é bom esclarecer antes que você queira consultar o guia mais próximo não existe. É ficção. Foi planejada e construída por um genial escritor italiano, Italo Calvino (1923-1985), no livro As Cidades Invisíveis, em que o viajante Marco Pólo descreve ao imperador mongol Kublai Khan as cidades (todas imaginárias, todas com deliciosos nomes femininos) por onde ele teria passado em suas andanças legendárias.

O exemplo extraído da literatura mostra que cidades importam mesmo é pelo que somos, o que fazemos nas suas ruas e o que vivemos nas esquinas, estejam elas bagunçadas ou tinindo de tão organizadas. As pessoas seguem amando cidades desordenadas porque estão apaixonadas e porque viveram situações ricas ali, afirma o sociólogo e urbanista colombiano Hernando Gómez Serrano. Para mim, a cidade mais linda que eu conheço é a última em que caminhei apaixonado: Bogotá.Mas é claro que é melhor estar apaixonado em uma rua tranqüila do que em um engarrafamento. A partir de agora, saiba como os problemas das cidades começaram e descubra maneiras simples e serenas de enfrentá-los.

No princípio foi o caos

A primeira das cidades grandes como a gente conhece hoje foi a Paris do século 19. Em 1852, o barão de Haussmann, prefeito parisiense apelidado de o destruidor criativo, começou a botar abaixo as ruelas medievais da cidade, sujas e estreitas. No lugar, construiu imensos bulevares que se encontravam no Arco do Triunfo, com encanamento de água e saneamento básico. Ainda não existiam carros, mas a rua já era dos motoristas e suas carruagens. Pela primeira vez, corredores e condutores podiam, no coração da cidade, lançar seus animais em plena velocidade, afirma oteórico americano Marshall Berman, autor do livro Tudo que É Sólido Desmancha no Ar.
Na aurora do século 20, pipocavam idéias para conter a miséria e a bagunça. Em Londres, o repórter e arquiteto Ebenezer Howard, impressionado com o estado deplorável dos bairros populares, resolveu projetar aquele que seria o lugar perfeito: a cidade-jardim, uma cidade autosuficiente onde as pessoas voltariam a ter contato com a natureza. Nascia ali o ideal urbanóide da casinha no campo e da cidade descentralizada, sem aquela agradável (e essencial) mistura de prédios, casas e pequenos estabelecimentos comerciais que fazem a vida de qualquer bairro que se preze. Anos depois, com a chegada do automóvel, as cidades passaram a ser vistas como máquinas: para dar certo, todas as partes precisavam funcionar em harmonia. Nos anos 20, o arquiteto suíço Le Corbusier planejou uma cidade sem pedestres e sem ruas. Dentro de um imenso parque, 24 arranha-céus se comunicariam por canais suspensos. Tratava-se de uma cidade funcional, padronizada, sem espaço para preferências pessoais. Precisamos matar a rua, afirmava Le Corbusier.

A ideia do francês era louquíssima, claro, mas acabou influenciado boa parte do urbanismo do século 20. Foi assim que surgiram cidades com projetos grandiosos, vias expressas sem lugar para pedestres e divisão em bairros habitacionais longe do comércio, zonas industriais e áreas verdes. O problema é que essas tentativas de dominar o caos acabaram criando bairros monótonos, parques abandonados e muita, mas muita necessidade de transporte motorizado. Isso não é reurbanizar a cidade, mas saqueá-la, afirmou em 1961 a urbanista Jane Jacobs, autora de Morte e Vida de Grandes Cidades. O trabalho dos urbanistas modernos virou um perrengue ainda maior quando o crescimento populacional fez as cidades explodirem, resultando na bagunça que você conhece. Apesar de terem sofrido tanto, as cidades ainda guardam soluções, vantagens e prazeres que não se mostram à primeira vista, diz o urbanista Hernando Gómez.

A seguir, conheça algumas maneira para fazer da sua cidade um lugar na medida dos seus sonhos.

Monte a sua cidade

Uma das primeiras vantagens das metrópoles é que, nelas, não há padrão a ser seguido. Tem de tudo. Muito mais do que em cidadezinhas do campo, aqui dá para escolher como viver. A metrópole dá oportunidade para desenharmos a cidade que quisermos, afirma Hartmut Günther, professor de psicologia urbana da Universidade de Brasília (UnB). Cada morador deve decidir qual é o seu ideal de qualidade de vida. Dependendo do que você quer, dá para ter um pouco da vida de casinha de campo a duas quadras da avenida Paulista, uma cara de pousada da Bahia em Porto Alegre ou de estância gaúcha no Rio de Janeiro. A escolha do modo de vida deve definir, primeiro, o lugar onde você vai morar. Você prefere um apartamento no Centro, pertinho do agito, ou um sobrado num bairro residencial com terrenos mais baratos? A rua vai ser uma dessas sem saída, bem tranqüilas, ou cheia de carros e comércio variado?

Traga o interior

Muita gente reclama que, na cidade, as pessoas são anônimas e ninguém se cumprimenta. Mas quem disse que a proverbial arte interiorana do bate-papo não pode ser levada para a metrópole? Além de jogar conversa fora com os vizinhos e comerciantes próximos, dá para ajudá-los e até depender deles de vez em quando. Cuidar do filho enquanto o casal ao lado sai para jantar, pedir para o dono da padaria ao lado receber a encomenda e o célebre ritual de emprestar uma xícara de açúcar do vizinho são jeitos de estabelecer trocas de confiança e tornar as relações menos superficiais, descobrindo o que acontece na vida da pessoa que dorme a alguns metros de você.

Além disso, a auto-suficiência típica do interior também pode ser seu estilo de vida. Em vez de depender tanto de serviços contratados, que tal consertar com as próprias mãos a mesa que quebrou? Ou fazer uma bela blusa de tricô para o amigo que faz aniversário? Além de ser mais econômico, dá para extrair a calma associada ao interior de atividades feitas por você mesmo, como ter uma horta, lavar a roupa ou pintar o portão que anda enferrujado. É possível levar a paz do campo para a cidade.Do mesmo modo, a pessoa pode ter uma vida repleta de conflitos vivendo em ambientes tranqüilos, diz o psicólogo Paulo Fueta.

Faça o seu oásis

As duas dicas aí de cima dependem de uma questão fundamental: a sua casa. Sua moradia precisa ser uma ilha de conforto, um santuário pessoal na cidade, para isolá-lo da confusão que campeia lá fora, afirma Allen Elkin, autor do livro Feliz Cidade. Não adianta reclamar da bagunça urbana se ela continua entre suas quatro paredes. Em vez disso, o melhor é aproveitar para fazer da sua casa uma minicidade tranqüila, cheia de plantas, organizada e tratada com carinho, serenidade e delicadeza.
Apesar da imagem de solidão que os grandes centros urbanos passam, você está livre para abrir as portas de sua casa aos amigos. Além de aparecer para festas, jantares e churrascos, os mais chegados podem ficar com a chave de sua casa, caso eles ou você necessitem. E o cheiro gostoso do interior aparece facilmente em casa com um fogão a lenha. Também é possível se inspirar na Serra do Mar para fazer um belo jardim de inverno ou pelo menos deixar a casa repleta de plantas e móveis rústicos. Até o ritual clássico do interior passar a tarde em cima da árvore se esbaldando com as frutas pode ser realizado em um modesto quintal da cidade grande. Opções não faltam.

Cultive a natureza

A preocupação com a casa também dá um desconto na distância entre a metrópole e a natureza.Toda grande cidade precisa de áreas verdes para deixar o ar menos poluído,diminuir a concentração de calor e aliviar o estresse urbano para a ONU, não existe qualidade de vida sem 16 metros quadrados verdes por habitante. Se você sente falta de verde onde mora, uma boa dica é meter a mão na terra e montar um jardim,um quintal ou até mesmo um pomar (como o escritor Rubem Braga, que mantinha um verdadeiro pomar suspenso em sua cobertura em Ipanema). Mas se preferir espaços verdes maiores e mais democráticos, trate de aproveitar os parques e, se for o caso, as praias da sua cidade. Nada como o contato com o mar em uma praia afastada para colocar as idéias no lugar. Já nas capitais longe do litoral, a saída é aproveitar

os parques da melhor forma possível.

Porém, se o parque da sua cidade parece abandonado, procure freqüentá-lo quando houver eventos como feiras ou exposições culturais. Parques funcionam como ótimas academias ao ar livre: em vez de gastar dinheiro em lugares fechados, botar o corpo para correr no parque ajuda a diminuir seu estresse, e sua relação com o lugar se torna mais íntima. E fique atento às áreas verdes escondidas: o jardim de uma igreja, uma escadaria cheia de árvores ou um ponto com vista panorâmica podem funcionar como um refúgio, um santuário verde para contrabalançar o caos urbano.
Mas se você quer área verde mesmo, saiba que florestas fechadas, com mato e banho de cachoeira, estão mais perto do que se imagina. O que você acharia, por exemplo, de morar em uma cidade com um sexto do território protegido por uma área de preservação ambiental, florestas enormes e duas aldeias indígenas? Legal? Pois estamos falando de São Paulo, a quarta maior cidade do mundo. Como a maioria das metrópoles tupiniquins, São Paulo abriga florestas bem acessíveis. É preciso descobri-las.

Seja democrático

Como você, os outros moradores da cidade também têm um jeito de morar, um estilo e preferências diversas. Os habitantes das grandes cidadesprecisam aprender a conviver com a diferença, afirma Ermínia Maricato, professora de urbanismo da Universidade de São Paulo (USP). Um dos traços principais da postura urbana é não se incomodar ao topar na rua com pessoas e comportamentos que eventualmente não contam com a sua aprovação. A cidade, enfim, é o palco das diferenças. O jornalista Alcino Leite Neto, por exemplo, não entende por que o centro de São Paulo é tão malvisto. Quando se fala em revitalizar o Centro, parece que ele está morto. E não está, diz ele, que escolheu orar perto da avenida Paulista por causa dos cinemas da região.O centro de São Paulo é bastante vivo, mas quem vive lá é uma outra classe social. Depois de morar durante dois anos em Paris, Alcino considera o centro de lá e o paulistano no mesmo nível. Todos têm seu charme, diz. A postura urbana pode até transformar você em um Indiana Jones metropolitano, descobrindo o diferente de quermesses a lautos banquetes em um restaurante freqüentado apenas por imigrantes de algum país distante. Afinal de contas, na metrópole, tudo pode acontecer.

Mergulhe nas ruas

Andar a pé por aí é essencial para manter a segurança da sua cidade. Uma rua movimentada e com comércio aberto é bem mais segura que outra deserta e cercada por muros. A paz nas calçadas e nas ruas não é mantida basicamente pela polícia, afirma Jane Jacobs. Quem a mantém são os padrões de comportamento espontâneos presentes em meio ao povo. Além disso, o ato de caminhar faz com que o morador realmente viva o seu lugar: só flanando por aí é que se consegue perceber os detalhes da cidade e até se encantar com sua imprevisibilidade. Não consigo imaginar a vida em uma cidade sem

o ato de caminhar por ela, afirma o colombiano Hernando Gómez.

Reduza o estresse

A irritação que eventuais picuinhas urbanas provocam pode ser diminuída de duas formas. Primeiro, evitando aquilo que irrita. Depois de identificar e reconhecer quais são os causadores do seu nervosismo, tente dar um jeito neles. É claro que não dá para apertar um botão e fazer o engarrafamento desaparecer, mas evitá-lo, buscando rotas ou horários alternativos, dá, sim. O segundo caminho é adquirindo o poder de lidar com a bagunça da cidade de forma mais madura. Em geral, isso passa por resolver a situação de estresse e os problemas afetivos que levam a pessoa a focar-se nos problemas, afirma a psicóloga Marilda Novaes Lipp, do Centro

Psicológico de Controle do Estresse.

Além disso, há táticas para recuperar o bem-estar perdido pelas esquinas. A mais simples é arranjar uma boa atividade física: bastam 30 minutos de exercícios para o corpo liberar endorfinas, substâncias que dão sensação de conforto e bem-estar. Outro jeito é lembrar que não adianta contribuir para deixar a situação de estresse ainda pior. Quando alguma coisa der errado como perder as chaves no ônibus , não transforme o problema numa tragédia. Você não vai ganhar nada com isso.Na hora do nervosismo, porém, soltar um pouco de irritação é seu direito. Não é errado sentir raiva, diz Marilda Lipp. O que pode ser errado é o modo como a expressamos.

Ache a sua turma

As cidades estão cheias de pessoas que passam horas diante do sofá evitando o delicioso e imprevisível encontro com a vida lá fora. Quem age assim deixa escapar um dos grandes trunfos da cidade: o de abrigar todo tipo de gente e grupos com sonhos, idéias e inclinações. Se você ainda não descobriu seu canto na cidade, vá em busca dele. O melhor é começar pelas coisas de que você gosta. Uma preferência musical pode levar a bares específicos, cursos de dança ou de música. Um hobby, como o de cozinhar, tem a possibilidade de virar uma reunião semanal na casa de amigos que compartilham o mesmo gosto pelas artes da cozinha.Participar de uma organização comunitária ou mesmo de uma equipe esportiva também são jeitos de achar a sua turma.

Mude de vida

Grande parte do estresse urbano é causada não tanto pela cidade, mas pelo modo como se vive nela. Em vez de mudar de cidade, muitas vezes é mais frutífero deixar de trabalhar em um lugar de competição agressiva entre os colegas, por exemplo. No lugar de sair de casa para enfrentar supermercados lotados e estacionamentos apinhados, será que não é melhor voltar a freqüentar a mercearia da esquina ou a padaria do bairro?

Outro ponto importante é a comida: nada impede que nos alimentemos, no meio da poluição e das lanchonetes de fast food urbanas, do modo mais saudável e consciente possível. Lembre-se: não é porque você mora em uma cidade grande que precisa ter um comportamento urbanóide. As cidades não determinam o comportamento de ninguém, afirma o psicólogo Hartmut.

Evite o trânsito

Unanimidade: trânsito congestionado é chatíssimo. Ninguém é bem resolvido o bastante para ficar tranqüilo em um engarrafamento estando atrasado para o trabalho e a 40 ºC. Por isso, a melhor coisa a fazer diante do trânsito caótico é tentar evitá-lo. Dependendo de suas possibilidades, dá para trabalhar em casa, morar perto do trabalho ou adotar rotas e horários alternativos. Andar a pé é sempre o mais aconselhado por qualquer urbanista. Mas há outras alternativas. O gerente de sistemas Willian Cruz, que mora no bairro de Perdizes, em São Paulo, adotou uma postura nova no trânsito depois que seu carro foi para o conserto. Para quebrar o galho, comecei a ir para o trabalho de bicicleta e não parei mais, diz. Dois anos depois, ele virou louco por bicicleta. Até mesmo influenciou os colegas de trabalho. Faço os oito quilômetros do trajeto em menos tempo do que de carro. E chego animado em vez de estressado pelo trânsito.

Como uma hora ou outra você vai dar o azar de ficar preso no trânsito, saiba que se ressentir pela vida diante do volante é a pior coisa que se pode fazer. A realidade já nos dificulta o bastante, não precisamos ajudá-la a fazer isso, diz o psicólogo Paulo Fueta. O melhor é fazer pequenos projetos para evitar aquela situação. Também é bom administrar bem o tempo, já que ficamos muito mais nervosos no trânsito quando estamos atrasados. Ajuda criar um ambiente agradável no carro, com música, temperatura e roupas confortáveis.

Participe da cidade

Não adianta resolver todos os seus problemas se as pessoas ao redor ainda conviverem com eles. Participar das decisões para melhorar é essencial. Exigir calçamento sem buracos, ruas mais iluminadas e fazer parte das decisões da cidade são recomendações previstas no Estatuto da Cidade. Participar da questão urbana ajuda a melhorar a cidade e a vida de quem mora nela, afirma Regina Monteiro, conselheira do Defenda São Paulo, movimento que reúne associações de bairro paulistanas.
Ok, reuniões de condomínio não são o melhor programa da sua vida, mas tornam o dia-a-dia mais civilizado. Além delas, dá para participar da cidade aderindo a grupos de assistência, associações de moradores, ajudando na escola do bairro. Sem falar nas atitudes básicas que todo cidadão deve tomar. O governo tem um papel primordial, mas os moradores precisam apoiar programas como reciclagem e limpeza da cidade, afirma
Ermínia Maricato.

Conheça a história Cidades grandes são resultados complexos de fenômenos igualmente impressionantes. Entender por que o seu bairro é feito de ruas tortas, por que as casas são todas iguais ou descobrir a origem das pessoas que formam a cidade são modos de começar a gostar ou, pelo menos, entender a metrópole. Além disso, se a sua cidade não parece gloriosa hoje, certamente ela teve um passado glorioso que pode deixar sua vivência pelas ruas mais interessante. Há diversas formas de conhecer a história da cidade,desde a origem do nome da rua, o nascimento do bairro, os imigrantes que o povoaram.

Aproveite. Sempre

É possível tirar muito prazer de coisas simples da cidade, como andar por um bairro desconhecido, sentar em um banco de praça ou tomar um suco contemplando a multidão que zanza por todo lado, para lá e para cá. Sem falar nas centenas de restaurantes, clubes e botecos ideais para se esbaldar em delícias terrenas e viver a vida da forma mais saudável e jovial possível. Afinal de contas, fazer parte da cidade é torná-la um pouco mais parecida com você.
Um sábado, um domingo e 7 idéias

FESTA DAS FRUTAS

Nossas cidades estão cheias de bons mercados municipais, ótimos lugares para gastar pouco e conhecer a enorme variedade de alimentos no Brasil. Em capitais como São Paulo, Belém, Florianópolis e Porto Alegre, os mercados são marcos históricos.

PASSEIOS HISTÓRICOS

Para descobrir o que já aconteceu na cidade, nada melhor que passeios pelo centro histórico. O Circuito Túnel do Tempo, em São Paulo, conta a história do centro aos domingos. Reservas pelo telefone (11) 5182-3974. No Rio de Janeiro, dois arquitetos coordenam o projeto Espaços do Rio, com passeios a pé. Tel.: (21) 2548-8022.

RUA DAS COMPRAS

Nem sempre o shopping center é a melhor opção para o consumo. Praticamente todas as capitais brasileiras têm ruas temáticas, onde apenas um universo de produtos é comercializado. Descubra o encanto de olhar, pechinchar e voltar com suas compras ao ar livre, sob o sol.

POR CIMA

Há um quê de poético no ato de contemplar a cidade do alto de um mirante. No prédio do Banespinha, em São Paulo, na Vista Chinesa, no Rio, no Morro Santa Tereza, em Porto Alegre, e em tantos outros lugares você tem a oportunidade de observar a cidade lá de cima.

SÓ DE PASSAGEM

Se a sua cidade é uma metrópole, certamente tem hotéis tradicionais onde você nunca ficou, claro, porque é morador. Mas passar um fim de semana como turista na própria cidade pode ser uma boa idéia para quebrar a rotina e mudar sua visão do cotidiano.

MAGRELAS POR AÍ

Se você não curte andar de bicicleta sozinho, saiba que há grupos que armam passeios nos fins de semana em várias capitais e com roteiros para todo tipo de fôlego. A ONG Bicicletada organiza e dá notícias de passeios em todo o país pelo site www.bicicletada.org.

MERCADO DAS PULGAS

Perambular por feiras de antiguidades é sempre uma delícia. Seja a da praça Benedito Calixto, em São Paulo, da praça General Osório, no Rio, da praça Espanha, em Curitiba, ou do parque Farroupilha, em Porto Alegre, o encontro com objetos do passado é uma ótima chance de viajar em um Brasil conservado em porcelana, vidro e histórias.

LIVROS:
Morte e Vida de Grandes Cidades, Jane Jacobs, Martins Fontes
Feliz Cidade, Allen Elkin, Publifolha
As Cidades Invisíveis, Italo Calvino, Companhia das Letras
Tudo que É Sólido Desmancha no Ar, Marshall Berman, Companhia das Letras
O Homem e a Cidade, Henri Laborit, Iniciativas Editoriais

Fonte: Revista Vida Simples

Análise_Superação 2



Superação

“Gostaria de saber mais sobre a capacidade de superação do ser humano. Eu mesma sou portadora de deficiência auditiva, mas possuo defesas e aptidões desenvolvidas em função dessa limitação.” (Maria de Fátima Ribeiro, por e-mail)

Crises ¬ boas ou ruins?_Um beijo na realidade

Realmente, a capacidade de superar as adversidades da vida confere ao ser humano uma certa qualidade dos deuses. Os casos verídicos, como o da leitora Maria de Fátima, são o melhor meio para entendermos essa inigualável oportunidade de aprendizado e de engrandecimento que o destino nos dá. Há muitos exemplos na vida real, alguns notáveis, como o do pianista João Carlos Martins, que vai deixar dois legados para as futuras gerações: sua brilhante produção musical e sua imensa capacidade de superar a adversidade.

Martins começou a estudar piano aos 8 anos de idade e, após nove meses de aula, vencia, com louvor, o concurso da Sociedade Bach de São Paulo. Todos perceberam que estavam diante de um prodígio. O garoto desenvolveu uma rápida carreira de pianista internacional, dedicando-se à obra de Bach com devoção, a ponto de ser considerado o mais importante intérprete do célebre compositor desde Glenn Gould, o excêntrico canadense que se aposentava enquanto João Carlos despontava. Gravou a obra completa de Bach. Sua interpretação do “Cravo Bem Temperado” foi um fenômeno de vendas nos Estados Unidos, tocou nas principais salas de concerto do mundo, inaugurou, em Toronto, o memorial dedicado a Glenn Gould e por aí vai.

No auge da fama, aos 26 anos, sua outra paixão, o futebol, lhe pregou uma peça. Jogando uma partida com amigos no Central Park, em Nova York, caiu sobre o próprio braço e perdeu os movimentos da mão. Para qualquer pessoa isso já seria uma tragédia. Para ele, um pianista, era um desastre completo. Ou melhor: seria, se não fosse sua incrível capacidade de recuperação, apoiada por cirurgias, sessões dolorosas de fisioterapia, injeções na palma da mão. E o pianista voltou ao piano e às melhores salas de concerto. Não sem dor, mas com paixão.

Mas o destino não ficou satisfeito. Anos depois, em plena atividade, sofreu um assalto violento em Sófia, na Bulgária. A agressão afetou-lhe novamente as mãos, suas ferramentas de trabalho. Voltou às salas de cirurgia e de fisioterapia. E o pianista retornou ao piano mais uma vez. Até que, em 2002, a seqüela das lesões venceu e provocou a paralisia definitiva de suas duas mãos. O pianista se afastava do piano. E da música também? Não. Não ele.

Com 63 anos, idade de aposentadoria para os mortais comuns, João Carlos começa a estudar regência, e dois anos depois rege a English Chamber Orchestra em Londres. O que o move não é apenas o dom e o amor pela música, mas a força interior e a paixão pela vida. Sua história parece um filme. E virou um filme ¬ A Paixão Segundo Martins, o documentário franco-alemão da cineasta Irene Langemann.

Fui assistir à apresentação da Orquestra Bachiana regida por João Carlos na Sala São Paulo. Interpretaram a Nona Sinfonia de Beethoven, obra escrita quando o compositor já era surdo ¬ outro exemplo ensurdecedor (desculpe!) de superação. A apresentação daquela noite seria apenas irretocável, não fosse por dois detalhes: sendo incapaz de virar a página da partitura, o maestro teve que decorar todas as notas da obra. Regeu de cor. E ainda, no fim, após os aplausos da platéia, nos deu uma canja.

Mandou que subissem um piano pelo elevador do palco e atacou a “Ária da Quarta Corda", de Bach, originalmente escrita para violino, em que o violinista usa apenas a corda sol para executar a bela melodia. João Carlos tocou-a no piano usando apenas os três dedos que lhe restaram. Eu sei que não era sua intenção, João, mas naquele momento todos nós nos sentimos pequenos diante de sua grandeza.

Crises ¬ boas ou ruins?

Crises são períodos amargos de nossa vida. Representam a quebra de um equilíbrio confortável e nos fazem sofrer. Não há duvida quanto a isso, mas... Olhando mais de perto, podemos encontrar dentro da crise o lado bom, que é o motivo que nos leva a promover as mudanças necessárias. Pense um pouco, caro leitor, se nunca lhe aconteceu algo que na ocasião parecia uma tragédia e que hoje você agradece porque foi o que o levou a tomar atitudes que transformaram sua vida para melhor. Eu, que não sou diferente de ninguém, tenho uma coleção de fatos que odiei quando
aconteceram e que hoje agradeço.

Dizem que há dois tipos de crise: a maldita e a bendita. A diferença não está na qualidade de ambas, mas na reação que a pessoa tem ¬ a mesma crise provoca, em duas pessoas, efeitos diferentes, às vezes opostos. A psicologia ainda tem dúvidas sobre os motivos que levam uma pessoa a ser destruída por uma vicissitude da vida, enquanto outra aproveita a mesma oportunidade para se transformar em melhor. Ok, mas, na crise, menos psicologia e mais ação. Na dúvida, opte por reagir. É melhor perder lutando.

Capacidade de superar dificuldades, tragédias, dramas pessoais, todos temos. Alguns mais, outros menos, é verdade, mas perceba: essa capacidade é insuspeita, ou seja, não dá para antecipar a reação de uma pessoa diante da dificuldade. Há casos de pessoas consideradas frágeis, de baixa energia interior que, quando assaltadas por uma grande dificuldade, tiveram o botão da reação finalmente ligado. Sim, a pessoa pode ser salva pela crise. É o anjo da sorte piscando o olho, malicioso.

A filosofia explica. Essa qualidade que o ser humano tem de superar suas limitações foi vista de maneira diferente por dois filósofos: Schopenhauer e Nietzsche. O primeiro era um pessimista de carteirinha e achava que nada, ou pouco, podia ser feito para mudar o rumo das coisas. O segundo acreditava na capacidade do homem em “dar a volta por cima”, apesar de achar que isso não era para todos.

Não que Schopenhauer fosse um fatalista, daqueles que acreditam que o “destino está escrito e pronto”. Ele apenas achava que quando algo de ruim sucede na vida de alguém, isso se deve a forças externas muito maiores que as forças próprias dessa pessoa. Então, de pouco adiantaria lutar. Ele não era fatalista, mas, de certa forma, era conformista. O livro A Cura de Schopenhauer, de Irvin O. Yalom, leva o leitor, em função do nome, a achar que Schopenhauer é curado de alguma doença, mas não é isso. É o personagem central da trama que, em dado momento, “cura-se” da influência negativa de seu filósofo predileto e passa, finalmente, a acreditar no poder de superação do ser humano ¬ e no seu próprio.

Já Nietzsche nos legou a idéia da vontade de poder. Examinando a expressão em sentido inverso, podemos atribuir poder à vontade. “Tudo o que não me mata me fortalece”, teria dito o filósofo, dando a entender que possuímos o poder de superar nossas fraquezas e nossas dificuldades, e que são estas que acionam o gatilho que dispara tal poder. A força está em nós ¬ basta usá-la. Claro, para não trair seu jeito nietzschiano de ser, Nietzsche informa que nem todos conseguirão usar esse poder interior. Aqueles que o conseguirem serão objeto de admiração dos demais. Mas como saber quem será o eleito para usar o poder de superação antes de ser colocado à prova? Não há racionalidade que selecione os super-homens nietzschianos a priori.

Um beijo na realidade

Tenho um querido amigo chamado José Luiz. Talvez, se ele não tivesse sofrido um grave acidente na infância, não teria liberado a força que hoje coloca em tudo o que faz. Um certo dia, quando tinha 3 anos de idade, sua mãe de criação tentava derreter uma lata de cera de chão com gasolina e fogo, quando percebeu que perdia o controle do tamanho da labareda. A reação natural foi arremessar a lata pela janela, sem perceber que o menino estava brincando no quintal. O resultado foi a queimadura total de seu rosto. O menino foi salvo pela vizinha que abafou o fogo com um cobertor.

A vida que começou a ser vivida por José Luiz a partir de então tem os ingredientes de uma tragédia. Centenas de cirurgias, anos vividos na Santa Casa de Misericórdia de Santos, onde estudou parte do ensino fundamental em uma escola própria para crianças doentes, impedidas de frequentar as escolas comuns. Teve a infância e a juventude roubadas pelo destino contido em uma lata de cera.

A vizinha de José Luiz era uma mulher amorosa que ajudou a cuidar dele e, como era professora de violão, começou a dar-lhe aulas. E não é que o menino tinha talento? Touché, destino! Aos 16 anos ele compôs uma música que foi premiada em um festival local. Um dado bonito: o grupo de músicos que iria apresentá-la impôs a condição de que o cantor deveria ser o autor. Vidas são transformadas a partir de decisões, e a dele, naquele momento, foi a de vencer a vergonha e enfrentar a platéia. Sua auto-estima começava nessa data, e seu fabuloso processo de recuperação. Hoje, José Luiz Tejon é publicitário e jornalista, dirige uma empresa com 700 funcionários, é mestre em educação, escreveu sete livros, é professor em duas universidades, dá palestras no Brasil e no mundo e, claro, mantém sua banda de rock ¬ a Dinossauros Rock Band.
A amizade do Tejon é daquelas que só me fazem bem. Quando liguei para ele em busca de elementos para este artigo, me dei conta de que nunca antes o havia visto como uma pessoa diferente. Ele relata tudo com naturalidade, sem a emoção dramática dos fatalistas. Contou-me que trabalha como voluntário no IPQ ¬ Instituto Pró Queimados, porque dá imenso valor ao apoio da comunidade em que o acidentado vive. Quando lhe perguntei se todas as pessoas reagem como ele, disse-me:

¬ Não, muitos usam sua condição para provocar piedade e esperar as benesses da inferioridade ¬ a paradoxal desvantagem vantajosa.

¬ O que, na sua opinião, estabelece a diferença de reação entre as pessoas diante da adversidade? ¬ perguntei.

¬ A capacidade de beijar a realidade ¬ respondeu, sábio. Os que aceitam sua realidade usam a energia para a superação, e não para a revolta.
O Beijo na Realidade é o belo e instigante título de um dos livros de Tejon. Ao seu leitor, fica a pergunta: “Você beija sua realidade ou a esbofeteia?” ¬ sem esquecer que a reação será proporcional. Pois é... mais uma vez, a diferença parece estar no poder de beijar a face certa.

Eugenio Mussak é educador e escritor. Neste espaço, faz reflexões a partir de inquietações levantadas pelos leitores. Envie suas dúvidas para: pensandobem@abril.com.br

Fonte: Revista Vida Simples

Análise_Maturidade

Maturidade

Boa parte da nossa vida está relacionada ao processo de amadurecer, que pode ir dos 35 aos 60 anos ou mais. Como podemos tirar o melhor proveito disso hoje?
Jovens maduros¬_Arte da compensação_A volta do encantamento_Liberdade, enfim_Evelhecer hoje_Aurora do espírito_7 dicas para uma maturidade Feliz

Alguém aí já comeu manga madura, daquelas bem suculentas, e provou seu suco doce, que escorre pela boca e mancha toda a roupa? Então, ali, sentindo o gosto da fruta, a gente tem certeza de que ela está no seu auge, no máximo de tudo que é e pode oferecer. A sua “madurez” é desejada, querida. Ninguém vai ter essa sensação quase erótica ao morder uma manga verde e dura. Então por que será que a gente não consegue transpor esse exemplo para nossa própria vida? Por que a maturidade, ou o envelhecer, nos apavora tanto? E por que não tiramos do outono o mesmo prazer que se extrai do verão e da primavera?

A juventude ¬ e o que é rígido, novo, verde ¬ tornou-se nosso supremo ideal. E o processo biológico em direção ao envelhecimento é empurrado cada vez mais para a frente. O desejável, para a maioria de nós, seria usufruir uma juventude interminável, quase eterna, para então (se realmente insistirem muito nisso) morrer de repente, dormindo. O processo que, de acordo com a natureza, nos deixaria mais doces e tenros, mais plenos e ricos, desabrochando para o que realmente somos, é visto como um castigo contra o qual se deve lutar a todo custo. Mas não precisa ser assim. Existem outras maneiras de ter prazer na vida, exatamente como ela se apresenta. Saber como fazer isso é o grande segredo.

Jovens maduros

Quando se fala de envelhecer, de chegar à maturidade e continuar a aproveitar tudo a que temos direito, nossos irmãozinhos chineses têm muito a dizer. “Na China, quem está na faixa dos 50 anos, por exemplo, é considerado um ‘jovem maduro’. Para a cultura tradicional chinesa, um homem ou uma mulher nessa idade está no auge de tudo o que ele é”, afi rma Roque Enrique Severino, professor de tai chi há 35 anos e presidente da Sociedade Brasileira de Cultura Oriental. De acordo com esse pensamento, o processo do envelhecimento mais radical só se implantaria bem depois dos 60, mas esse limite também pode variar. “Mesmo quando a pessoa chega aos 80 anos, e, portanto, à velhice, na China se diz que ela está na idade ideal para começar a apreciar verdadeiramente a vida”, diz Roque.

Serão os chineses uns otimistas desenfreados? Uns malucos fora da realidade? Provavelmente não. A empolgação excessiva nunca foi uma característica do povo chinês. Mas, para entender essas afirmações sem considerá-las um exagero, deve-se entender o ponto de vista a partir do qual elas são feitas.

Os chineses conectados com a medicina tradicional do seu país conhecem a energia vital que percorre o corpo como os marinheiros conhecem as ondas do mar. Sabem de seus altos e baixos, fluxos e refluxos, excessos e faltas, inclusive considerando os parâmetros ideais para cada fase da vida. Entendem que todo o longo processo da maturidade, que para eles leva de 30 a 40 anos, pode ser vivido com vigor e energia. E para que a vitalidade flua pelo corpo da maneira mais harmônica possível, dispõem de um arsenal de terapias, técnicas, exercícios, massagens, dietas, tratamentos e também meditações, pois mente, espírito e corpo são uma coisa só, garantem eles.

Muito sábio. Com a vitalidade em alta, o amadurecer se faz lentamente, sem doenças e limites físicos restritos. Por isso, os chineses a conservam o maior tempo possível, até em idades bem avançadas. Ser um jovem maduro aos 50 anos, ou bem mais, significa que a energia vital ainda corre pelos meridianos com o vigor da juventude num organismo que começa a amadurecer e a declinar. Deixar a mente límpida e o corpo envelhecer sem que ele perca o viço, a seiva e a flexibilidade é o ideal chinês.

Arte da compensação

Estar bem dentro do corpo e cuidar da serenidade da mente é um aprendizado que exige sensibilidade, percepção e dedicação. Isto é, o que antes, durante a juventude, vinha de graça e sem esforço, agora deve ser batalhado. “A realidade irreversível é que estamos vivendo por mais tempo e o modo como enfrentamos essa maior longevidade faz uma diferença monumental para todos nós”, diz Jean Carper, autor de Pare de Envelhecer Agora. “E, quando agimos para retardar nosso próprio envelhecimento, participamos de uma maravilhosa revolução na medicina que enfatiza a prevenção em vez do tratamento”, afirma ele. Pois envelhecer bem é a arte da compensação: o que se perde é reposto conscientemente, seja com tai chi, seja com meditação, ioga ou uma moderna dieta que impede a formação de radicais livres com alimentos e vitaminas. A boa informação e a prática constante são essenciais para quem quer amadurecer de maneira saudável.

Os resultados desses métodos, terapias e técnicas podem se tornar visíveis em pouco tempo. “Um dos indicadores mais fáceis para avaliar a vitalidade de alguém é o brilho dos olhos”, diz o professor Roque Severino. Se você tiver 50, 60 ou 70 anos e tiver essa luz interna, essa faísca que demonstra o vigor do espírito, é sinal de que o inverno da velhice ainda não se manifestou e que ainda pode estar bem longe, pelo menos segundo a avaliação chinesa. “Podemos ver uma pessoa idosa recuperar instantaneamente essa centelha por alguns momentos ao falar de um acontecimento do passado que tenha despertado seu entusiasmo e alegria. É como se essa luz estivesse sempre ali, mas não fosse mais acessada”, diz a terapeuta Maria Luiza de Aquino, que ensina ioga tibetana para a recuperação da vitalidade perdida. “O mais desejável é que esse brilho e o amor pela vida nasçam novamente com base no momento presente, e que não fiquem perdidos só nas lembranças do que passou”, diz ela. Como? É o que a gente vai ver logo a seguir.

A volta do encantamento

Leia com atenção as próximas frases: “A vida é boa acima de tudo; é boa por si mesma; o raciocínio nada conta para isso. Não se é feliz por viagem, riqueza, sucesso, prazer. É-se feliz porque se é feliz. Como o morango tem gosto de morango, assim a vida tem gosto de felicidade. O sol é bom, a chuva é boa; todo ruído é música. Ver, ouvir, cheirar, saborear, tocar não é mais do que uma sucessão de felicidades”. Antes que você ache que o pensador Alain, pseudônimo do francês Émile-Auguste Chartier (1868-1951), seja outro otimista desenfreado, vamos seguir mais profundamente seu pensamento. “Mesmo as dores, o cansaço, tudo isso tem um sabor de vida. Existir é bom, não melhor do que outra coisa, pois existir é tudo, e não existir é nada.” Bem, talvez seja essa a grande chave do mais completo e apaixonado amor pela existência: amase tudo nela, da tristeza à angústia, da manhã radiosa ao começo de uma paixão, da lágrima e do peito doído à arte. É uma aceitação incondicional.

O mitólogo Joseph Campbell acrescentaria: “Diga ‘sim!’ à totalidade da vida, tanto ao prazer quanto à dor. Mergulhe com alegria nos sofrimentos do mundo. O imenso privilégio da existência é ser exatamente quem você é”. A mudança extraordinária que pode acontecer internamente com base nessa diferente forma de apreciação pela existência em si pode trazer de volta um encantamento que talvez tenha se perdido. “Felicidade ou amargor? Será preciso sempre escolher? Pode-se fazê-lo? Parece-me que, antes, cumpre aprender a amar os dois”, escreveu o filósofo francês André Comte-Sponville no livro Bom Dia, Angústia. “A dor e a angústia fazem parte do real (...). A sabedoria está na aceitação do real, não na sua negação. O que de mais natural, quando se sente dor, do que gritar? O que mais sábio, quando se está angustiado, do que aceitá-lo? ‘Enquanto fazes uma diferença entre o samsara e o nirvana, estás no samsara’, dizia Nargarjuna. Enquanto você faz uma diferença entre sua pobre vida e a redenção, está na sua pobre vida”, continua Sponville.
E há outra questão: sempre sabemos que vamos morrer. Com essa consciência nítida, torna-se natural reconhecer a preciosidade de cada instante. Mesmo o prazer é ressaltado por sua fugacidade, por sua raridade e lampejo. Também a dor, a angústia ou a tristeza trazem em si sua nobre singularidade. Difícil? Talvez esse seja mais um dos presentes da maturidade: é possível experimentar sempre, principalmente o que não se vivenciou antes, o que se deixou para trás, o que nunca passou pela cabeça. O que realmente temos a perder, afinal?

Jair Engracia, 64 anos, funcionário do Banco do Brasil, experimentou esse amor pela singularidade da vida de uma forma muito especial. “A maior dor do envelhecimento é vermos que temos menos possibilidades. A quantidade, em tudo e por tudo, diminui. E isso dói”, diz ele. Mesmo assim, é possível saborear essa dor. Ela indica que a direção da vida, nesse momento, se dirige à qualidade, à contemplação e à fruição da existência, mais do que à quantidade, ao fazer e ao ter. E, quando se percebe isso, o sofrimento é mais fácil de ser integrado ¬ e até saboreado. O envelhecer nos segreda a cada momento que sempre podemos ter a possibilidade de viver novas experiências, para render homenagem à própria vida. Há melhor epitáfi o que o título da biografia de Pablo Neruda? Ele resumiu toda sua história numa única e invejável frase: Confesso que Vivi.

Liberdade, enfim

Outro elemento que pode ajudar bastante nessa nova fruição é a libertação dos padrões culturais impostos pela sociedade, o famoso “tem que”. A empresária Maria Clara Gomide, por exemplo, refletiu bastante sobre seu próprio comportamento amoroso e resolveu mudar da água para o vinho. “Aos 54 anos ainda queria casar, ter um companheiro fixo, uma vidinha pacata, exatamente como queria aos 22. Na verdade, vi que essa não parecia uma idéia minha, mas da sociedade: era o que se esperava de mim quando era mais jovem.” E acrescenta, sorrindo: “Me esqueci de atualizar meus sonhos”. Hoje ela reconhece que teria horror de viver essa realidade doméstica. “Mudei completamente minha perspectiva. Tenho dois namorados, um francês e um espanhol, que visito durante o ano em semestres diferentes, que possivelmente são tão fiéis a mim quanto eu a eles”, diz. “Mas fico feliz na companhia deles, cada um me traz uma experiência diferente, e é isso, honestamente, que eu quero neste momento da minha existência.”

Ah, a liberdade da maturidade. Que ganho maravilhoso, essa aceitação e esse conhecimento de si mesmo, para o bem ou para o mal. “As pessoas fracionam a vida quando rejeitam a si mesmas, negam a própria história quando valorizam o modelo social, seja estético, seja comportamental, sem questionálo”, diz Pedro Paulo Monteiro, professor de Gerontologia da PUC de Petrópolis e autor do livro Envelhecer: Histórias, Encontros e Transformações. “A sabedoria só é possível pela reflexão. Porém, a reflexão envolve uma postura de humildade, de aprendizado sobre si com base nas experiências de vida”, diz ele.

Envelhecer hoje

Essa procura pelo significado e pelo encantamento da vida pode ocorrer de várias maneiras. De uma forma menos filosófi ca, é o que se tenta todos os dias no Hospital das Clínicas de São Paulo, onde funciona o Programa de Envelhecimento Saudável, comandado pelo médico geriatra Wilson Jacob. Ali, além do atendimento físico e psicológico para quem tem mais de 60 anos, ensinase, com a ajuda de profissionais voluntários, ioga, meditação, dança, ikebana e outras atividades. Dessa maneira, procura-se despertar nessas pessoas novamente a alegria de viver. E descobrem-se coisas surpreendentes, como o aumento da capacidade de memória dos idosos após seis meses de tai chi, uma das conclusões de um estudo da médica Juliana Yumi Kafai, com a participação de Ângela Soci, professora dessa arte marcial.

Inclusive já há uma corrente nos Estados Unidos que afirma que uma pessoa de 60 anos, com boa saúde e utilizando os recursos de hoje para manter sua energia, é equivalente a uma pessoa de 40 anos há um século. Sim, os 60 são os novos 40, como se diz por aí. Portanto, não só a vida esticou como ela tem outra qualidade. Há que se considerar também que atualmente as pessoas vivem o envelhecer de outra maneira. Regina Casé, num quadro do Fantástico, revelou essa diferença ao mostrar o quadro clássico de dom Pedro II, com os trajes imperiais e sua longa barba branca. Ela pediu que as pessoas adivinhassem sua idade ¬ 70, 80 ou 90 ¬, para depois contar a idade real do imperador na época: 50 anos.

Pois é, hoje é mais fácil ver as pessoas assumirem a própria idade. A advogada Alice Maria Felipetto, por exemplo, decidiu assumir o cabelo grisalho aos 46 anos. “Só eu e minhas amigas achamos lindo. Os homens sumiram”, afirma. Como ainda pretende namorar muito, fez uma concessão consciente ao sexo masculino e voltou a tingir o cabelo. Já a tradutora Helena Hungria continuou com sua opção, contentíssima e aplaudida pelos amigos, que a acham mais bonita agora que antes. “Meu sonho era envelhecer como a Rita Lee, ter o cabelo exatamente naquele tom de vermelho. Mas fui mudando, mudando e aos 54 anos e meio decidi assumir os grisalhos. Hoje tenho exatamente o rosto que queria ter.” Quem quiser gostar dela assim, que goste.

Aurora do espírito

Os anos de maturidade convidam a uma reorientação espiritual fundamental. “O propósito da crise na transição da meia-idade (que acontece por volta dos 35, 40 anos) é efetuar essa reorientação e conversão”, escreveram as psicanalistas junguianas Anne Brennan e Janice Brewi no livro Arquétipos Junguianos, a Espiritualidade na Meia-idade.

Isso porque a primeira metade da vida é bastante diferente da segunda. Até a meia-idade ela é orientada pelos desejos do ego e da própria espécie humana: produzir, reproduzir, vencer. Depois isso diminui. Ao redor dos 50, há um desejo profundo de mudar a vida que se levou até então, ou até transformar a maneira de ser: o indivíduo passa a responder mais às leis do espírito. “Somos chamados para um modo de ser totalmente novo. Na primeira metade da vida, é o mundo exterior que nos chama. Na meia-idade, o mundo interior”, dizem elas. Os chamados externos, como a carreira, a manutenção de status, relacionamentos e até a família, mudam de prioridade. Esse é o retrato de uma existência plena, quando a maturidade se completa com fecho de ouro. Por isso, acredite, o envelhecer só pode ser desejado com alegria. Pense nisso. E que a vida lhe seja doce.

7 DICAS PARA UMA MATURIDADE FELIZ

1. cuide do corpo - Pratique exercícios, alimentese com equilíbrio, consulte o médico regularmente.

2. mantenha-se ativo - Não se entregue: saia por aí, ingresse em uma ONG, em um grupo de pessoas com as mesmas afinidades que as suas.

3. alimente as relações sociais - Cultive seus amigos, crie ocasiões gostosas para reunir-se com eles.

4. cuide do seu parceiro - Nessa etapa da vida, nada mais importante que cuidar de sua relação a dois.

5. explore novos interesses - Redescubra o pintor dentro de você, aprenda um novo idioma etc.

6. abra-se ao mundo - Viaje sempre que possível ¬ novos horizontes costumam nos rejuvenescer.

7. aceite novos desafios - Não encare a vida com aquele ar de “já vi tudo isso antes”.

Para saber mais

Livros:
• Aceitação de Si Mesmo, Romano Guardini, Palas Athena
• Arquétipos Junguianos, a Espiritualidade na Meia-idade, A. Brennan e J. Brewi,

Madras
• A Arte do Envelhecer, Sherwin B. Noland, Objetiva
• Pare de Envelhecer Agora, Jean Carper, Campus-Elsevier

Fonte: Revista Vida Simples

Aula 14 de Outubro

Aula 12 de Outubro


Aula 12 de Outubro
Feriado de Nossa Senhora da Conceição _ Padroeira do Brasil

domingo, 11 de outubro de 2009

Mídia_Empreendedorismo


Pense bem ao virar patrão

Deixar de ser empregado para ser empregador. Não ter que obedecer mais ordens de chefes e ser dono do próprio negócio. Quem ao menos uma vez não pensou nesta possibilidade, normalmente associada ao desejo de liberdade, flexibilidade e maior ganho financeiro? Você decidiu que chegou a hora de empreender, mas ainda não sabe por onde começar. Qual o melhor caminho: comprar ou montar o próprio negócio?

A decisão deve se basear em pesquisa de mercado, no tipo do empreendimento e em planejamento. "Em negócios não se deve decidir nada com emoção. É preciso estudar muito e planejar. Normalmente os negócios não dão errado porque as pessoas são incompetentes, mas porque o planejamento foi errado", explica o consultor Emerson Castello Branco Simenes.

Quem tem a intenção de adquirir uma empresa já existente, deve verificar toda a documentação e se informar sobre a saúde financeira da organização, para ter a certeza de estar adquirindo um empreendimento, aoinvés de um pacote de débitos e processos. Um cuidado adicional necessário é andar pela vizinhança para identificar qual é imagem da empresa. Se for ruim, é preciso ter consciência de que vai demandar tempo até que as pessoas mudem de opinião.

"Apenas colocar uma placa do tipo: 'sob nova administração', não adianta. A memória do cliente é maior para algo considerado negativo. Neste caso, a possibilidade de comprar apenas o ponto e não o CNPJ deve ser avaliada", aconselha Conceição Moraes, gestora de Orientação Empresarial do Sebrae em Pernambuco.

A especialista também coloca no orçamento desta compra um capital para reforma, principalmente se a empresa for de prestação de serviços ou comércio - com relacionamento direto com o público. "Não dá para fazer um quebra galho com a área onde o cliente circula. É possível até aproveitar maquinário, a área de produção, o estoque, mas na vitrine e nas áreas internas com circulação de clientes, normalmente é necessário uma nova imagem e uma placa só não resolve", diz.

Dívidas - A experiência da empresária Aglany Almeida reflete um pouco da dor de cabeça que pode ser evitada. Dona de um salão de beleza no bairro de Boa Viagem, Aglany teve uma experiência anterior de sociedade que deixou um prejuízo de pelo menos R$ 20 mil. "Comprei 50% de participação em outro salão e só depois do negócio fechado, descobri que todos os móveis e equipamentos do salão estavam bloqueados por conta de uma dívida trabalhista. Na verdade, eu tinha comprado uma dívida", lembra.

Depois de muita negociação, ela conseguiu desfazer a sociedade e montar o próprio salão de beleza: o Metamorfose Cabeleireiros. "Como não tinha mais o capital de antes, fiz um financiamento no Banco do Nordeste. O início foi muito difícil, principalmente a escolha dos profissionais qualificados. Mas agora estou vivendo um momento mais calmo e mais estruturado".

Para tocar a própria empresa, Aglany foi em busca de orientação no Sebrae - principalmente para as áreas de finanças e administrativa - e diz que o retorno financeiro ainda não é o que ela planejou no início. Num mercado exigente e com tantas opções de salões, ela aprendeu rápido que o patrão dela é o cliente. Por isso, dedica-se de segunda a sábado ao trabalho.

Dicas para empreender

- Escolher um segmento com o qual tenha afinidade e que se encaixe no seu perfil de rotina e com rendimento compatível com o que você deseja

- Pesquisar o mercado onde quer se inserir (demanda, custos, concorrência, produção, público-alvo) e avaliar questões práticas para a instalação (localização, mão de obra especializada, licenças e impostos)

Se for montar um negócio:

- Avaliar se é uma novidade no mercado e se há demanda para este produto/serviço. Não adianta você achar que venderá algo maravilhoso, se não existir uma demanda para ele

- Antes de escolher o ponto onde vai se instalar, percorra um raio de 500 metros na redondeza para identificar concorrentes e potenciais clientes

- Ter capital equivalente 100% do valor investido no empreendimento, para suportar o período em que a empresa não dará lucro. Este tempo depende do ramo, mas pode chegar a até oito meses, em alguns casos

Se escolher adquirir uma empresa já existente

- Antes de fechar contrato, checar a situação financeira do empreendimento.Verifique se não está comprando dívidas, em vez de uma empresa. Às vezes é melhor comprar apenas o ponto e não o empreendimento

- Colocar somente uma placa "Nova administração" não vai adiantar, se a imagem do estabelecimento não for boa. Demanda tempo para a clientela perceber o novo direcionamento. Por isso, reserve dinheiro para reforma e divulgação

- Tenha capital suficiente igual a pelo menos 50% do investimento feito para comprar a empresa. Não é porque o empreendimento já existe que o lucro virá facilmente e você deve estar preparado para eventualidades

Em todos os casos, lembre

- Ser empresário não significa ter "vida boa", no sentido de não trabalhar tanto. Normalmente é contrário: o dono é o primeiro a chegar e o último a sair e não tira férias com tanta frequência quanto gostaria

- Superdimensione um pouco os gastos iniciais do empreendimento. Se houver imprevistos, você não será pego desprevinido

- Não faça nada levado apenas pela emoção. Negócios e emoção normalmente não combinam. Planejamento é o lema que deve ser adotado

Importante ter reserva financeira


Ter uma reserva financeira que permita ao dono se manter durante a fase de consolidação do negócio é um ponto importante para quem deseja empreender. Emerson Castello Branco Simenes, consultor organizacional e financeiro, aconselha ter capital equivalente a 50% do investimento, para quem compra um negócio em funcionamento, e a 100% dos recursos aplicados na empresa que está começando.

"As retiradas do pro-labore não poderão ser realizadas por pelo menos seis meses - tempo médio de consolidação e para começar a dar lucro, dependendo da área. Mas o empresário tem que pagar as contas pessoais. Se não tiver uma reserva, não vai ter fôlego para aguentar este prazo e corre o risco de desistir antes do prazo mínimo", diz.

Quem está montando um empreendimento totalmente novo deve também pesquisar num raio de 500 metros de onde pretende se instalar se existem concorrentes e o que oferecem. "Se não vai montar nada totalmente inovador, você tem que se propor a ser o melhor para conquistar os clientes", sugere o consultor.

Mesmo sem entender de teorias de administração e marketing, é isso que o empreendedor Aracê Prudente tem feito nos últimos 20 anos. Para quem começou como vendedor de coco na praia de Boa Viagem, a concorrência sempre foi muita e acirrada. Por isso, a inovação e o tino para o comércio foram o diferencial.

"Comecei a apostar na diversificação dos produtos e fui o primeiro a vender açaí na praia. Posso dizer que tenho uma microempresa, com toda a infraestrutura necessária para vender e atender bem", conta Prudente.

O Point do Açaí, localizado perto do Hotel Recife Palace, na Avenida Boa Viagem, funciona 24 horas, tem 10 colaboradores e uma espécie de escritório/estoque, perto da praia, de onde Aracê Prudente administra o quiosque e planeja como melhorar o serviço. "Todo o nosso pessoal é treinado em segurança de alimentos, tem curso de atendimento ao cliente e inglês instrumental em cursos foram oferecidos pela prefeitura. E há duas semanas posso dizer que somos o primeiro quiosque informatizado da praia deBoa Viagem", comemora o microempresário.

Aracê é o que o Emerson Simenes chama de empreendedor nato. "O bom vendedor não se ensina, é como jogador de futebol, que pode se aprimorar, mas já nasce talentoso. Mas mesmo neste caso é preciso estudar e planejar, para que boas ideias não sejam perdidas por falta de know how. É preciso estudar e evitar agir com emoção", conclui.

Fonte: Diario de Pernambuco

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Emprego_Dossiê



Os dilemas do trabalho no limiar do século 21


Do subemprego à exploração infantil, a situação contemporânea do trabalho exige uma reflexão à altura daquela relacionada ao meio ambiente

Se há um tema que está sempre presente nos debates atuais, junto com a destruição ambiental, esse tema é o do trabalho e seu corolário, o desemprego. Isso porque também não há nenhum país que, em alguma medida, não esteja vivenciando o desmoronamento do trabalho.

Em plena eclosão da mais recente crise financeira, estamos constatando a corrosão do trabalho contratado, a erosão do emprego regulamentado, que foi dominante no século 20 e que está sendo substituído pelas diversas formas alternativas de trabalho e subtrabalho, de que são exemplo o "empreendedorismo", o "trabalho voluntário", o "cooperativismo", modalidades que frequentemente "substituem" o trabalho formal, gerando novos e velhos mecanismos de intensificação e mesmo autoexploração do trabalho.

Os modos de precarização do trabalho, o avanço tendencial da informalidade, o desemprego dos imigrantes, tudo isso acentua o tamanho da tragédia social em que estamos envolvidos. O emprego assalariado formal, modalidade de trabalho dominante no capitalismo da era taylorista e fordista, que magistralmente Chaplin satirizou em Tempos modernos, está se exaurindo e sendo substituído por formas de trabalho que em alguns casos se assemelham às da fase que marcou o início da Revolução Industrial. Senão, como explicar, em pleno século 21, as jornadas de trabalho que, em São Paulo, chegam a 17 horas por dia? Tudo isso nos obriga a refletir: que trabalho queremos, de que trabalho necessitamos?


Trabalho como atividade vital

Aqui, devemos fazer uma pequena digressão. Sabemos que o trabalho, concebido como atividade vital, nasceu sob o signo da contradição. Desde o primeiro momento, foi capaz de plasmar a própria sociabilidade humana, por meio da criação de bens materiais e simbólicos socialmente vitais e necessários. Mas também trouxe dentro dele, desde seus primeiros passos, a marca do sofrimento, da servidão e da sujeição. Ao mesmo tempo em que expressa o momento da potência e da criação, o trabalho também se originou nos meandros do " tripalium", instrumento de punição e tortura.

Se era, para muitos, dotado de uma ética positiva (ver as análises de Weber), própria do mundo dos negócios (cujo significado etimológico é negar o ócio), para outros, ao contrário, tornou-se um não valor, estampado na magistral síntese de Marx: "Se pudessem, os trabalhadores fugiriam do trabalho como se foge de uma peste!".

Mas o século 20 moldou-se pela estruturação da chamada sociedade do trabalho, em que desde muito cedo fomos educados para o princípio fundante do trabalho. Esse cenário começou a ruir, no entanto, a partir dos últimos 20 anos. Tragicamente, quanto mais a população vem aumentando, menor é a capacidade de incorporar os jovens ao mercado de trabalho. Esta é a situação que vivenciamos hoje: não encontramos empregos para aqueles que dele necessitam para sobreviver e os que ainda estão empregados em geral trabalham muito e não ficam um dia sem pensar no risco do desemprego. Esse medo ocorre não só na base dos assalariados, pois essa tendência cada vez mais avança na ponta da pirâmide social, chegando até os gestores.

Outro lado: relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT)
projeta mais de 50 milhões de desempregados em 2009

Desemprego

Uma rápida consulta aos dados acerca do desemprego mundial é esclarecedora. A Organização Internacional do Trabalho (OIT), em recente relatório, projetou mais de 50 milhões de desempregados ao longo deste ano de 2009, em consequência da intensificação da crise que atingiu especialmente os países do Norte. A mesma OIT acrescentou ainda que aproximadamente 1,5 bilhão de trabalhadores sofrerão redução em seus salários ( Relatório mundial sobre salários 2008 - 2009).

Na China, país que mais intensamente cresceu na última década, com quase 1 bilhão de trabalhadores, cerca de 26 milhões de trabalhadores que migraram do campo para as cidades perderam seus empregos, gerando a onda de revoltas a que assistimos atualmente.

A América Latina também não ficou de fora desse cenário: a mesma OIT antecipou que, dada a ampliação da crise, "até 2,4 milhões de pessoas poderão entrar nas filas do desemprego regional em 2009", somando-se aos quase 16 milhões hoje desempregados, sem falar do "desemprego oculto" e outros mecanismos que mascaram as taxas reais de desemprego ( Panorama laboral para América Latina e Caribe, janeiro de 2009 ).

No limite da degradação

Dentro de um contexto marcado por uma profunda crise estrutural, ampliam-se, portanto, as formas de aviltamento do trabalho. Foto: Creative Commons

Degradação: trabalhadores imigrantes em
jornadas que atingem até 17 horas diárias
Os exemplos são abundantes e o espaço aqui seria por demais limitado. Mas podemos emblematicamente apresentar alguns casos mais expressivos.

A cada dia vemos mais e mais exemplos de trabalho escravo no campo; nos agronegócios do açúcar, no etanol de Lula, cortar mais de 10 toneladas de cana por dia é a média por baixo, low profile. No norte do país esse número pode chegar a até 18 toneladas diárias.

Em São Paulo, não é difícil localizar a degradação dos trabalhadores imigrantes, como os bolivianos, subempregados nas empresas de confecção, com jornadas que atingem até 17 horas diárias, configurando uma modalidade de trabalho no limite da condição degradante. E os exemplos se esparramam por todas as partes do mundo: chicanos (EUA), dekasseguis (Japão), gastarbeiters (Alemanha), lavoro nero (Itália) etc.

No Japão, jovens operários migram em busca de trabalho nas cidades e dormem em cápsulas de vidro do tamanho de um caixão. Configuram o que já chamei de operários encapsulados. Na América Latina, trabalhadoras domésticas chegam a trabalhar 90 horas por semana, tendo não mais que um dia de folga ao mês, conforme lembrou Mike Davis em seu Planeta favela (Boitempo, 2006).

Se, no século passado, os povos do Norte migraram em massa para o Sul do mundo (como os italianos, alemães, portugueses, espanhóis, tão bem acolhidos no Brasil), estamos presenciando o exato inverso. Nesse sentido, exemplos recentes na Espanha, nos EUA e na Inglaterra, contra os brasileiros, são por demais expressivos.

Outra manifestação, ainda que diferenciada, é também esclarecedora: trabalhadores britânicos em greve, no início de 2009, empunhavam um cartaz que dizia: "Empreguem primeiro os trabalhadores britânicos", em manifestação contrária à contratação de italianos e portugueses. Se é justíssima a reivindicação de salário igual para trabalho igual, para se contrapor à tendência destrutiva dos capitais de explorar o imigrante carente de trabalho, é repulsiva a manifestação que estampe qualquer traço xenófobo contra trabalhadores imigrantes.

O fenômeno é curioso: em plena apologética da assim chamada "globalização", os capitais transnacionais podem fluir e viajar livremente, enquanto o trabalho imigrante encontra-se cada vez mais cerceado e tolhido. Talvez pudéssemos dizer que, enquanto os capitais transnacionais são livres em seus voos e saques, os trabalhadores imigrantes devem se manter cativos.


O trabalho jovem

São essas algumas das forças que moldam o mundo do trabalho hoje. Mas existe ainda um outro ponto - dentre tantos - que podemos lembrar, para concluir. Sendo a CULT uma publicação que tem nos jovens um público importante, vale a pena fazer uma nota geracional: poucos jovens hoje conseguem emprego nas carreiras que escolheram. Quando têm qualificação, perambulam de um emprego a outro até chegar - se conseguirem - ao que pretendiam inicialmente. Quando lhes falta o capital cultural, aí a empreitada é mais difícil. Para conseguir emprego, são "obrigados" a realizar trabalhos "voluntários". Ou o que é ainda mais frequente: a explosão do trabalho do estagiário, que se converte em um trabalho efetivo com sub-remuneração.

Se a ordem societal dominante dificulta o acesso dos jovens em idade de trabalhar, ela inclui, por outro lado, precoce e criminosamente crianças no mercado de trabalho, não somente no Sul, mas também nos países capitalistas avançados. Pouco importa que o trabalho hoje seja supérfluo e que centenas de milhões de assalariados em idade de trabalho se encontrem em desemprego estrutural. Os capitais globais frequentemente recorrem ao corpo produtivo das crianças, que deveriam estar exercitando seu corpo brincante (na conceitualização de Maurício da Silva). E esse retrato se amplia quando estudamos a produção de sisal, de têxtil e confecções, calçados, cana-de-açúcar, carvoarias, pedreiras, olarias, emprego doméstico etc.

Por fim, outra contradição social cada vez mais vital: se os empregos se reduzem, aumentam os índices de desemprego, empobrecimento e miserabilidades social - realidade em que bilhões hoje vivem com menos de 2 dólares por dia. Se, como resposta, os capitais globais e suas transnacionais recuperarem os níveis de crescimento, como fez a China na última década, o aquecimento global nos converterá no mundo da torrefação. Trabalho e aquecimento global serão, portanto, os grandes dilemas do século 21.


Fonte: Revista Cult

Aula_07 de outubro

Sala 509


Perfil da Empresa

Autorização do Cliente

Diagnóstico da Empresa

Planejamento da Empresa

Cronograma de Ações


Programação 2GQ

Seminário de Resultados

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Planejando a Abertura da Sua Empresa
Ketlin Machado_Sebrae

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Prova 2GQ

Mercado_Trabalho


Gestão Pessoal Teste

Você está pronto para o mercado de trabalho?
Esqueça a boa intenção, é preciso estratégia e competência para alçar voo no mercado de trabalho!"

Nos últimos três meses, a Apoema - consultoria em recursos humanos - teve um aumento de 49% de procura pelo trabalho de coahcing de carreira. A maioria dos profissionais busca desenvolver e superar as expectativas dos gestores em curto prazo, já que o mercado se fecha para aqueles que ainda ficam no ensaio.

Avalie no teste a seguir se você é um desses profissionais que já estão atuando ou se ainda está no ensaio de uma peça que já começou.

A seguir você encontrará 10 grupos de perguntas. Depois de ler atenciosamente cada grupo, assinale na alternativa que descreve melhor a maneira como você tem agido nos últimos 12 meses:

Perguntas:
1. Você pensa em seu local de trabalho como:
a ( ) É só um emprego, estou preocupado com minhas necessidades atuais.
b ( ) Um lugar interessante pra fazer novas amizades e aprender um pouco mais do que sei.
c ( ) Um degrau para o crescimento da minha carreira. Estou disposto a fazer meu trabalho acontecer todos os dias.

2. Diante de um oportunidade de investir em seu currículo, qual seu tipo de pensamento?
a ( ) Tudo o que tenho no currículo é o que pude fazer, no momento não é seguro investir, pode ser que eu precise do dinheiro.
b ( ) Me sinto pouco satisfeito, mas demoro muito a decidir onde e como investir. A empresa deveria oferecer uma qualificação.
c ( ) Me sinto satisfeito com o que aprendi, porém busco constantemente novos aprendizados e informações.

3. De que forma você tem tomado suas decisões?
a ( ) Sou meticuloso e extremamente detalhista, penso várias e várias vezes antes de tomar a decisão.
b ( ) Gosto de fazer um trabalho perfeito, não importa quanto tempo demore, mesmo que para isso tenha que adiar algumas decisões.
c ( ) Sou corajoso e decidido. Estou disposto a arriscar sempre que a recompensa for alta.

4. Ao realizar qualquer tipo de atividade em grupo você...
a ( ) Fico perdido com tantas opiniões, acredito que reuniões individuais ainda sejam melhores.
b ( ) Desde que eu tenha que trabalhar somente alguns períodos com as pessoas, fico bem.
c ( ) Acredito que é preciso flexibilidade para entender todos os pontos de vista, porém os resultados são melhores para a empresa quando estou produzindo em grupo.

5. De que forma você se atualiza sobre mercado, carreira, política, negócios etc.?
a ( ) Normalmente assisto na televisão e o que vejo me basta para tomar minhas próprias conclusões.
b ( ) Infelizmente não tenho tanto tempo, mas leio algumas revistas e vez ou outra jornais ou conversas com amigos.
c ( ) Leio revistas especializadas, jornais e sempre busco informações que agreguem ao meu trabalho e carreira.

6. Como você planeja sua carreira para os próximos três anos?
a ( ) Não consigo prever o futuro.
b ( ) Tento planejar minhas ações, cursos e aprendizados, porém não consigo colocar tudo isso no papel.
c ( ) Faço um planejamento de onde estou e onde quero chegar com prazos, metas e objetivos.


7. Como você administra seu network profissional?
a ( ) Não me aproximo de pessoas por interesse, acredito que isso seja terrível. Só falo com quem eu gosto.
b ( ) Tenho frequentado poucos lugares e me integrado pouco com as pessoas do mercado. Tenho pouco tempo.
c ( ) Acredito que o relacionamento com ética e respeito com outros profissionais do mercado, seja em reuniões, grupos ou estudos seja fundamental para minha carreira.

8. De que forma você reage a uma grande situação de pressão?
a ( ) Me sinto péssimo(a), travado(a). Acredito que tenhamos problemas a serem resolvidos, isso só me deixa de mau humor e não escondo isso de ninguém.
b ( ) Me sinto desconfortável e vou tomar um café. Procuro saber quem cometeu o equivoco.
c ( ) Estamos com prazos curtos. Lógico que gostaria que fosse diferente, mas não há o que fazer.

9. Ao receber um recado de uma ligação com uma nova proposta de emprego, você...
a ( ) Nem retorno a ligação, pode ser que meu gestor descubra que estou procurando algo fora da empresa e me demita.
b ( ) Penso várias vezes em retornar ou não, em tempo de incertezas é melhor ficar com o que é certo do que correr riscos.
c ( ) Entro em contato para saber qual a proposta.


10. Ao perceber o risco de ser demitido, você...
a ( ) Fico apavorado! Chego mais cedo na empresa e saio mais tarde. Paro de gastar dinheiro e me concentro no trabalho, mesmo que para isso precise me aproximar do meu gestor.
b ( ) É uma situação complicada, me preocupo com o que meus amigos falam sobre o mercado.
c ( ) Lógico que não é uma situação fácil, mas tenho convicção do meu trabalho, competências e investimentos que fui fazendo em minha carreira. Entro em contato com minha rede de relacionamentos em busca de informações sobre oportunidades de trabalho

Some o valor de suas questões e verifique sua pontuação

Até 30 pontos
Pare tudo o que estiver fazendo e comece a planejar sua carreira agora! Você não se encontra preparado para o mercado de trabalho, é preciso entender que na situação passiva em que se encontra é extremamente difícil ter opções ao longo da vida.

De 31 a 49 pontos
Ficar em cima do muro só faz com que você veja as oportunidades passando. Você investe em cursos, mas não tem resultado? Persistência é essencial para se construir uma carreira de sucesso.

Acima de 49 pontos
Parabéns! Você se mostra bem preparado para um mercado cheio de mudanças. Já sabe o preço que paga para ter consistência, flexibilidade e persistência em seu trabalho. Continue assim


Conclusão:

O mundo agora é de quem faz, de quem acontece, chega de teorias e conceitos, é preciso do verbo "fazer" para que o profissional tenha resultados. Invista na sua carreira, estude, se prepare, aprenda, troque experiências e informações com outros profissionais. A escolha não é fácil, os investimentos são constantes, mas os resultados falam por si só.

*Marcos Tonin - diretor de projetos especiais da apoema inteligência em Pessoas. Coach executivo de carreiras e negócios. especialista em treinamentos de liderança, criatividade, CrM e endomarketing. atua em programas de desenvolvimento de competências em empresas de todo o Brasil.


Fonte: Revista Carreira & Negócios

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Mídia_Editora Online

Editoras querem montar banca online de revistas

A Time pretende reunir as editoras de revistas dos Estados Unidos para iniciar um site que será um tipo de banca online. A operação conjunta deve ter início no ano que vem e vai distribuir o conteúdo publicado para aparelhos móveis como leitores eletrônicos de livros.

A ideia é de John Squires, executivo da Time, responsável por descobrir novas formas de ajudar a empresa e suas publicações a ganhar dinheiro online, já que as versões impressas estão em baixa.

Segundo a Reuters, a Time Warner lidera o esforço e já conversou com grandes editoras como Conde Nast e Hearst. Uma fonte afirmou à agência que os usuários do serviço teriam acesso a uma banca digital onde poderiam adquirir assinaturas mensais ou anuais.

Com a iniciativa as revistas que sofreram com a queda na receita publicitária, poderiam oferecer seu conteúdo a um público que utilizam novas tecnologias como Kindle da Amazon.com ou um tablet computer planejado pela Apple para a leitura de jornais, livros e revistas. Além disso, também seria possível cobrar pelo conteúdo.

Como a receita de publicidade com a mídia impressa vem caindo, as editoras estão buscando novas formas para ganhar mais dinheiro online e esse serviço seria uma boa opção. O anúncio formal da novidade deve acontecer em um mês. Segundo uma fonte da Reuters, a "banca online" pode ser inaugurada no ano que vem, apesar da indefinição sobre os detalhes financeiros.

Fonte: Redação Adnews

sábado, 3 de outubro de 2009

Vídeo_Motivação

Lançamento_Motivação


Nunca Deixe de Tentar
Michael Jordan
1a. edição, 2009


Michael Jordan, um dos mais extraordinários atletas do nosso tempo, revela o segredo de seu sucesso no livro "Nunca Deixe de Tentar" (Sextante, 2009). De forma simples e direta, Jordan exibe sua visão sobre comprometimento, determinação, espírito de equipe e dedicação. O atleta mostra como fixar metas e superar obstáculos, como vencer o medo e as dúvidas sobre si mesmo, como ser um líder e como jogar para o time, como manter o foco e como livrar-se das distrações. O jogador também revela como sempre usou o fracasso como combustível para novas tentativas na busca constante pela excelência. O livro de Michael Jordan é o primeiro título da coleção "Na Vida Como no Esporte", que revela os princípios seguidos por grandes atletas e treinadores para atingir a excelência. Organizada por Bernardinho, técnico da seleção brasileira masculina de voleibol, a coleção mostra como esses valores transcendem o universo esportivo e podem ser aplicados aplicados na escola, no trabalho, em casa, na quadra e na vida.

Título: Nunca Deixe de Tentar
Autor: Michael Jordan
Editora: Sextante
Edição: 1a. edição, 2009
Idioma: Português
Número de páginas: 80 páginas
Formato: 14 cm x 21 cm (largura x altura)
Peso: 116 gramas
ISBN-13: 978-85-7542-461-2
Área: Autoajuda e Vida Pessoal
Fonte: Publifolha