segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Análise_Horário Comercial


Felicidade em Horário Comercial

Prazer, dedicação, recompensa. Trabalho precisa ser um pouco de tudo isso. Essa relação tem muito a ver com sua postura de vida. Mesmo quando o cenário ao redor não é favorável, algumas escolhas que você faz podem ser a diferença entre estagnar ou crescer. Aqui, psicólogos, especialistas em gestão de pessoas e até um monge beneditino mostram como carreira rima, sim, com realização.

Passamos cada vez mais tempo no trabalho. Mesmo assim, a cada hora surgem mais tarefas, com prazos curtos e exigências complexas. Ops... Não era esse o combinado! Com tanta tecnologia disponível – internet, celular e mais aparatos –, o esperado era economizar tempo e energia. Não foi o que aconteceu. A hora continua tendo 60 minutos, mas a expectativa do que se pode fazer nesse período subiu muito. O resultado é a frustração no fim do dia, quando você desliga o computador com a impressão de que não deu conta do recado. Isso se tornou tão comum que estudos se multiplicam sobre o assunto em busca de uma resposta de como combinar trabalho e satisfação. Uma dessas pesquisas foi feita pela psicóloga mineira Betania Tanure. O estudo, com 1,1 mil executivos brasileiros, mostrou que 84% dos entrevistados afirmam ser infelizes na carreira. A justificativa vem do excesso de competitividade, do alto nível de estresse e, conseqüentemente, do pouco tempo disponível para cuidar do que deveria estar no topo da lista de prioridades: a vida pessoal. Mas, veja só, 16% se declaram felizes. Como conseguiram chegar a esse patamar de equilíbrio entre carreira e vida pessoal?

“Eles desenvolveram um bom grau de autoconhecimento, o que permite identificar o que lhes proporciona prazer. Sabem estabelecer prioridades e dizer não”, enumera Betania.

A psicóloga Ana Maria Rossi, da Isma-BR, uma as sociação que estuda o estresse, também avaliou quais são as características de quem se considera satisfeito. São elas: auto-estima elevada, otimismo e se sentir no controle da própria trajetória. “A felicidade no trabalho está vinculada com conquistas pessoais relacionadas à postura de vida. Quem se sen te por baixo vê os conflitos como ameaças e não como oportunidades para crescer. O otimismo diminui o me do do fracasso e dá coragem de tentar, sem se intimidar frente às adversidades”, explica. Ela cita que pro fissionais felizes são pessoas con fi antes e com autonomia no trabalho.

CONHECIMENTO DO QUE MESMO?

Especializações, MBAs e experiências fora do país podem ser importantes para conseguir emprego, mas nem sempre se vinculam com a felicidade.

Assim como salário, status e poder também não aparecem nas listas com freqüência. A satisfação no trabalho está mais ligada à paz de espírito. Enfim, tem mais relação com a maneira como a gente sente e vive o cotidiano. Faça o seguinte exercício: olhe a seu redor. Como é sua mesa de trabalho: arrumada, bagunçada, colorida? As mudanças – de humor, de atitude – começam por você. Uma idéia é transformar seu espaço em algo mais acolhedor. Vale colocar uma planta, fotos, objetos que têm significado para você. Bobagem? Que nada! Existem empresas nos Estados Unidos que incentivam os funcionários a customizar sua área de trabalho. Daí ela fica com a cara do dono. E isso faz um bem danado para todo mundo.

Um bom ambiente de trabalho tem a ver com uma atitude mais positiva diante da rotina. Isso é, inclusive, tema de palestras nas empresas, que buscam inspiração nas palavras de atletas, gurus e líderes espirituais. O monge beneditino alemão Anselm Grün é um deles. Ele viaja o mundo todo e influencia executivos a viverem melhor nas empresas. Mas num aspecto ele é categórico: “A felicidade profissional não se desvincula do autoconhecimento, um grande desafio para o homem contemporâneo”. Mas por que esse “se conhecer” se tornou uma tarefa árdua? Em primeiro lugar, não é um conhecimento que se ensina num curso de especialização ou na escola. Também não é algo que passe de pai para filho.

O economista Antonio Brito, outro estudioso da felicidade no trabalho, desenvolve uma tese de mestrado sobre o tema. Ele dá a dimensão histórica para o assunto. “Estamos em uma era de individualismo, mas as pessoas não se perguntam o que querem de verdade, quais são os aspectos que lhes trazem satisfação e quais são seus projetos”, alerta. Aqui outra expressão valiosa é: projeto. “A idéia é entender onde você está, aonde quer chegar e quais são os caminhos para atingir o ponto almejado”, ilustra. Para responder a essas questões, é preciso se perceber e capturar essas informações dentro de si. Isso foi proposto, por exemplo, aos funcionários da Johnson & Johnson. No ano passado, a empresa incentivou seus 700 funcionários a contar o que fazem para cuidar de si e distribuiu também um CD com perguntas e reflexões para ajudá-los a traçar os parâmetros de vida e, conseqüentemente, a trajetória profissional que cada um deseja. “Você só consegue se sentir realizado, ajudar a si mesmo e a empresa, se estiver alinhado com seu propósito de vida. E isso significa também que seu trabalho tem que estar de acordo com seu projeto, deve fazer um sentido mais amplo para você”, acredita Juliana Nunes, que atua na área de recursos humanos da empresa.

Estabelecer o tal propósito pode levar algum tempo e não acontece espontaneamente. Você tem que promover momentos de intimidade para procurar as respostas. Conquistado esse passo, é lidar com as questões do dia-a-dia com bom humor e um tanto de sabedoria.

A parte que cabe a cada um

As companhias nunca estiveram tão preocupadas com o bem-estar de seus empregados. Isso porque quem está de mal rende menos e falta mais. Há quem ofereça aulas de ioga, horário de trabalho fl exível etc. A empresa americana Google, por exemplo, foi eleita recentemente como a melhor companhia para trabalhar pela revista Fortune. Seus funcionários têm, entre outros benefícios, 20% do tempo, durante o expediente, para investir em projetos pessoais. Outro exemplo é o da fábrica Masa da Amazônia, em Manaus, que produz componentes plásticos. A indústria foi eleita por dois anos a melhor empresa para se trabalhar por um guia especial das revistas Você S/A e Exame. De acordo com Kellenn Osmidio Albuquerque, da área de gestão de pessoas, um dos programas que favoreceram essa conquista foi o Projeto Criatividade, proposto para incentivar as idéias que melhoram a vida na empresa. As melhores sugestões são premiadas e colocadas em prática. Ao ver uma idéia sua sendo aplicada, o funcionário se sente reconhecido e fazendo parte do sucesso.

Fonte: Texto Tatiana Bonumá_ publicado na Revista Bons Fluídos

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