segunda-feira, 24 de agosto de 2009

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O perigoso jogo da sedução

No início dos anos 70, Victor Civita cruzou com um jovem jornalista, recém-admitido na Editora Abril, num dos corredores das redações e, como era seu hábito, puxou conversa, perguntando quem era e o que fazia na empresa. O jornalista era Celso Nucci, atual Diretor de Desenvolvimento Editorial e na época integrante da equipe do Guia Quatro Rodas que fazia avaliação de restaurantes e hotéis. Ele lembra o teor da conversa: "Quando você for usar o serviço de uma fonte", disse Victor Civita, "use, pague, peça uma nota, dobre, ponha no bolso e só depois se identifique. Isso é para que não haja nenhuma dúvida da independência das partes".

Esse princípio ético permanece até hoje como um dos fundamentos da cultura da empresa, que proíbe aceitar qualquer convite de viagem ou benefícios como hospedagem, refeições ou produtos. Algumas empresas têm como princípio doar a entidades de caridade "brindes" de valor elevado quando eles chegam à redação. Thales Guaracy, editor da revista Veja, não é xiita em relação a presentes: "Aceitar um pequeno brinde não mancha a honra de ninguém", garante.

A maioria dos jornalistas, tanto de redação como de assessoria de imprensa, concordam com Thales. Desde que estabelecidos limites de valores, não há problemas. Os presentes mais aceitáveis, dizem, são aqueles úteis ao exercício da atividade profissional no dia-a-dia: agendas, blocos de anotações, canetas - desde que não seja uma daquelas de griffe, caríssimas - e coisas do tipo.

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