segunda-feira, 24 de agosto de 2009

JornalistasXJornalistas_05


A ética de uma imprensa livre

Para implantar esse novo modelo de jornalismo, as empresas desenvolveram toda uma argumentação baseada na necessidade de sua sobrevivência como negócio num mundo altamente competitivo. O modelo, como não poderia deixar de ser, é o do jornalismo norte-americano. No entanto, as empresas brasileiras não levam em consideração as bases éticas e históricas desse modelo, como foram definidas na época do escândalo Watergate pelo então diretor de redação do Washington Post, Benjamin Crowninshield Bradlee, mais conhecido como Ben Bradlee: "O Washington Post tem, basicamente, responsabilidades diante da verdade e de seus leitores. Preocupamo-nos também com os princípios éticos e com as tradições deste jornal, coisas que não se aprendem nos livros nem se conseguem com uma credencial de jornalista, mas que têm sido parte da imprensa livre nos Estados Unidos há duzentos anos e que permitem que tanto este como os demais jornais do país funcionem muito bem. Não somos um organismo governamental, nem uma firma de relações públicas, nem um escritório para captar publicidade." No Brasil, o modelo neoliberal de jornalismo tornou o terreno fértil para a proliferação das assessorias de imprensa, formadas por jornalistas expulsos das redações por enxugamento dos quadros ou pelos baixos salários pagos. Esse fenômeno, tipicamente brasileiro, é único no mundo. Tanto nos Estados Unidos como na Europa, a divulgação de empresas, produtos e serviços faz parte do arsenal de instrumentos das áreas de relações públicas ou publicidade. Aqui, nas assessorias de imprensa, os jornalistas mais experientes passaram a formar novas gerações de profissionais, mas sob novo conceito, o de um jornalismo empresarial, voltado para os interesses da fonte e só subsidiariamente, se necessário, para o interesse público - este, de fato, a essência do jornalismo.

O Manual Nacional de Assessoria de Imprensa, editado pela Fenaj - Federação Nacional dos jornalistas, ressalta: "A fonte, de um lado, deve cumprir seu dever de informar e ter consciência da sua responsabilidade social, e, de outro, estar ciente de que a sua verdade não é a única e nem, necessariamente, a mais importante. Pressupõe-se que os questionamentos, confrontações e opiniões divergentes - típicos de um jornalismo sério e investigativo, que ouve todos os lados envolvidos - são instrumentos para uma avaliação das diversas verdades captadas."

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